Muitas vezes em minha inocência, sonhei,
almejei e desejei não ter outros alimentos que não fossem os bons escritos e as ricas poesias, e dessas opulentas iguarias muito degustei e muito me embebedei com o grato vinho que emanava daquelas bem escritas linhas. Foi
então que meu corpo rebelde, não contente com essa sublime dieta deu seu estridente
grito e assim me disse: Coma, beba, aspire, respire e absorva quanta poesia e quanta literatura puder e quiser,
mas de mim, que sou teu próximo mais próximo e de todo o átomo de que és composto sou teu mais presente e premente núcleo jamais esqueça e sendo assim sempre me ofereça os ricos, tenros, suculentos e sólidos alimentos que provem de todas as terras, dos mares e dos ares, pois
enquanto tu te nutres com tão belas e sublimes palavras, eu cá a cada dia mais
definho, e, se em algum triste momento eu vier a falecer, vitima desse
padecimento que a fome atroz nos traz, vou ter que deixar de ser a veste e o abrigo de teu cérebro e de tua
alma, não irei mais existir, pergunto-te então, de que adiantará a ti, tua mais bela poesia?
AHMAD SERHAN WAHBE
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